Lembra do firma pé?

BNR Firma pe - Pedaleria

Quem começou no ciclismo ou mountain bike a 30 anos atrás irá se lembrar do velho companheiro de pedaladas, o Firma Pé, um conjunto com correias de couro ou nylon, e suportes de plástico ou de inox para encaixar os pés nos pedais e pedalar com mais eficiência.

O Firma Pé surgiu por volta de 1890 e era uma rudimentar evolução dos estribos utilizados nas selas de cavalos (local onde o cavaleiro encaixa os pés). Os modelos foram se aperfeiçoando e surgiram tipos bem parecidos com os firma pés de hoje, como o modelo americano Sager (1896), e finalmente em 1930 surgiram as correias de liberação rápida (similares ao tipos encontrados hoje), dando mais qualidade e simplicidade ao manusear o firma pé.

firma pé
O invento ajuda a pedalar com mais eficiência a mais de 100 anos.

Usado no ciclismo (road bikes), os firma pés foram amplamente utilizados por milhares de ciclistas no mundo todo, e com a chegada do pedais de encaixe na década de 80, o firma pé foi perdendo seu reinado aos poucos devido as qualidades e praticidades do novo tipo de pedal, mas ainda tem seus fãs, pessoas comuns que não se sentem muito a vontade com os pedais de encaixe mas concordam que a firmeza proporcionada pelo firma pé, principalmente na recuperação da pedalada (momento de puxar para cima o pedal), é algo que realmente funciona.
O pessoal das fixed bikes (bikes com relação fixa) utilizam diferentes versões de firma pé, como esta apresentada e outras mais simples.

firma pés - refletores
A instalação dos firma pés é feita na frente dos pedais, onde originalmente se encontram os refletores.
firma pés - encaixe curioso
Ao raspar a sola do tênis nesta saliência na parte de trás, o pedal gira e o pé entra no firma pé.

Funcionamento

É muito comum identificar erros na instalação das correias do firma pé, tornando o acessório ineficiente ou sem praticidade, pois para funcionar deve estar bem apertado no calçado do ciclista, tendo realmente o aproveitamento da força aplicada aos pedais tanto na descida quanto na subida do movimento da pedalada.

A correia de liberação rápida deve ficar na lateral externa dos pedais, estando acessível para receber um leve toque dos dedos do ciclista para liberar a força de aperto, facilitando assim a retirada dos pés, e para fechar, a ponta da correia deve ser puxada pelo ciclista assim que ele estiver pedalando a bicicleta, pois o primeiro pé pode ser travado com a bike parada mas o segundo não, a menos que ele esteja encostado em alguma coisa ou seja expert em equilíbrio.

Usado da maneira correta (bem apertado), o firma pé oferece risco maior ao ciclista do que os pedais de encaixe, já que é necessário usar usar as mãos para liberar o sistema de aperto.

Liberando o firma pé
Para liberar o aperto da correia é só encostar na ponta da fivela.
Fechando o firma pé
Para apertar o pé no pedal é só puxar a correia com a bike em movimento, complicado?
Observe o caminho que a correia deve fazer, passando pelo pedal e subindo até o firma pé.
Observe o caminho que a correia deve fazer, passando pelo pedal e subindo até o firma pé.
Mesmo com as correias afiveladas é possível liberar os pés, tocando na ponta da fivela.
Mesmo com as correias afiveladas é possível liberar os pés, tocando na ponta da fivela.
Para que a fivela trave a correia, mantendo o aperto, escolha este caminho.
Para que a fivela trave a correia, mantendo o aperto, escolha este caminho.

Sem dúvida, o Firma Pé deixou sua grande contribuição na história da bicicleta em mais de 100 anos de existência, e é pelo menos avô dos modernos pedais de encaixe de hoje, sendo encontrado com facilidade em inúmeras lojas pelo mundo.

Bom Pedal (com ou sem firma pé)!

Edu Capivara
WRITTEN BY

Edu Capivara

Edu Capivara é Delegado Internacional do Biketrial no Brasil desde 1991 e introdutor do esporte em meados da década de 80. É amigo pessoal de Pedro Pi, o inventor do Biketrial e de toda a cúpula da BIU (Biketrial International Union) . Profundo conhecedor do mundo da bike, começou suas aventuras em modalidades como o BMX e o Mountain Bike no início desses esportes no Brasil. Já participou de campeonatos mundiais de biketrial pelo mundo todo, inclusive do primeiro, em 1986 na Europa.

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2 thoughts on “Lembra do firma pé?

  1. ·08/08/2023 at 14:47

    Edu, eu sou um dos usuários dos firma-pés, e discordo de alguns pontos citados aqui. Vou dar a MINHA visão, totalmente pessoal, portanto:

    1) Discordo dessa "imagem de coisa do passado", que o título indica. Eu uso sempre, diariamente, e não pretendo trocar para clipes (apesar de até possuir estes equipamentos);

    2) Eu uso para dar segurança de o pé não eescapar para frente (70%), para melhorar o desempenho na "subida do pedal" (10%) e pela flexibilidade/variabilidade na alternância de tipos de calçados que posso usar com eles. Qualquer tênis, qualquer sapatênis, e até sandálias papete. Aliás, já usei até com sapatilhas sem clip, por conta da sola mais firme. Até bota de montanhismo é aceita. Ajuda muito na diversidade de paisagens que percorremos, no cicloturismo;

    3) Eu NUNCA uso com as fitas apertadas. Inclusive, recomendo isso sempre (isto é, deixá-las folgadas), para evitar de o pé ficar preso, em caso de alguma necessidade repentina. Tanto que são quase 15 anos sem episódios desse tipo. (Talvez apertar a correia sirva para atletas, não sei, não é meu caso. Mas para o ciclista em geral, é o que eu fortemente recomendo);

    4) Até hoje, 100% das pessoas que eu vi que afirmaram "não gostar" dos firma-pés, também nunca tinham usado os mesmos, rsrs!

    Gosto muito dos materiais que você produz, seja em textos/postagens, seja em vídeos!
    Abração!

    LuiZ

  2. ·04/12/2020 at 12:26

    Bom dia Edu e equipe Pedaleria!
    Ótima matéria sobre esse item, eu assisti um filme de época onde se utilizavam muito ainda (Quicksilver – 1985) e há cerca de uns seis anos fiz uma troca com um amigo que tinha um par de Firma Pés e não ia usar, dando uma Fita de Guidão para a speed dele.
    Usei por um bom tempo na minha Caloi 10, depois retirei, pois ando mais no perímetro urbano e tenho guardado para quando resolver voltar a usar.
    Gostei de ler sobre o assunto, gosto de bicicletas old school!!!
    Abraço a todos!!!

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