O desenho dos quadros sofre interferência visual (estética) e técnica pela presença das mangueiras de freio a disco, conduites de câmbios e de freios (cabos). Ao longo dos anos, muitos desenhos e sistemas apareceram e desapareceram, mas quando o quadro é de alumínio, aço ou Cromo Molibdênio (Cr-Mo), é mais fácil colocar ou mudar a posição dos terminais de cabos, aquelas saliências onde param os conduites e seguem apenas os cabos, até os câmbios e freios.
Suportes individuais, duplos ou triplos, posicionados nos tubos superior, inferior e traseira do quadro, distribuem conduítes e mangueiras de acordo com o desenho dos quadros, sendo mais complexos os quadros full suspension (suspensões dianteira e traseira), pois costumam fazer caminhos não convencionais por conta do desenho do quadro elástico (estrutura articulada da roda traseira), posição do amortecedor traseiro e dos pivôs de fixação do quadro elástico.
Os quadros de fibra de carbono, verdadeiras obras de arte, esbanjam design e criatividade, onde tudo é arredondado, sinuoso e de extremo bom gosto, onde os engenheiros tem como desafio apresentar as melhores soluções para o “visual” de entrada destes cabos e mangueiras, por isso, muitos fabricantes acabaram embutindo esses componentes criando caminhos internos no quadro para facilitar a montagem e manutenção. Comparados com alguns quadros antigos e outros nem tanto, a passagem de conduites por dentro do quadro não é exatamente uma novidade, mas a forma de fabricar, montar e fazer a manutenção sim. Lembro de um quadro de BMX com esse sistema, mas eram apenas dois furos no tubo superior, e a gente penava pra fazer o conduite sair do outro lado, e era apenas um tubo reto, imagine como são os guias e passagens dos modelos quadros de carbono de hoje, com entrada do conduite pela junção dos tubos superior e inferior, saindo na traseira da bike, perto do câmbio traseiro.
Freio a disco hidráulico, novo desafio
O que já estava certo e resolvido ficou um pouco mais complicado, o freio a disco hidráulico além de utilizar terminais grandes, entre 10 e 15 milímetros, ainda tem a questão do óleo, o que dificulta e gera trabalho quando se trata de abrir o sistema para passar a mangueira por dentro do quadro. Esteticamente fica lindo, mas dificulta na manutenção, caso tenha que retirar completamente o freio do quadro, obrigando o mecânico a soltar a mangueira do cáliper (parte de baixo onde estão as pastilhas), ou na manete, junto ao reservatório.
Por ser complexo, alguns fabricantes preferem deixar o cabo por fora (via aérea), fazendo a imobilização com terminais de encaixe ou sistemas com parafusos, já outros, preferem criar portas na entrada da mangueira no quadro, mas apesar de serem mais estéticas ainda necessitam a desconexão da mangueira de freio, por isso é mais comum ver esse sistema em bikes que não são submetidas a manutenções tão profundas e frequentes quanto as MTB, como por exemplo as Road Bike com freios a disco, que muitas vezes por motivos aerodinâmicos, recorrem a este tipo de solução.
Para completar a dificuldade, alguns freios a disco para bicicletas utilizam óleo DOT (mesmo tipo utilizado nos carros), e esse óleo é corrosivo, podendo migrar através das camadas da fibra de carbono causando a delaminação e perda do quadro ou componente atingido acidentalmente durante a manutenção. Os óleos minerais da maioria dos freios não causam esse dano.
Com mangueiras embutidas ou expostas, os quadros de carbono são uma opção leve, bonita e criativa, tornando os esportes mais competitivos e a concorrência mais acirrada, favorecendo você, o consumidor final desses produtos.
Bom pedal!
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