Conheça os componentes – Parte 2 – Canotes

Canotes

O canote de selim é um importante componente, responsável por fazer o primeiro ajuste do tamanho do quadro a altura do ciclista.

Os canotes podem ser componentes simples, como os modelos encontrados nas bicicletas de entrada, um tubo que utiliza um dispositivo de aperto para o selim, responsável pela regulagem de ângulo, conhecida como “castanha”, ou modelos mais sofisticados e leves conhecidos como canote com “mesinha ou carrinho”.

img-Canotes_Castanha
Os canotes com o dispositivo “castanha” de fixação do selim, são os mais comuns, e ainda dominam o mercado de canotes simples.

img-Canotes_Tipos

Diâmetro e tamanho

Os canotes podem variar na altura e no diâmetro, pois atendem uma diversidade enorme de quadros, e cada fabricante de bicicleta escolhe seus canotes de acordo com a modalidade e estilo da bicicleta. Os conotes trazem gravado a medida de seu diâmetro em milímetros, e as mais comuns são o 22,2mm, conhecida como 7/8”, a 25,4mm que é muito usada nas Road Bike e Fixas, a 27,2mm, padrão para a maioria das bikes com quadros de alumínio e carbono, e as grandes medidas, escolhidas pelos fabricantes por motivos estéticos ou estruturais, tais como o 30,9mm, 31,6mm,  e o gigante 33,9mm.
A extensão dos canotes fica entre 35 e 40cm, mas nas bikes dobráveis ele pode ter 58cm, pois durante a dobra ele se apoia no chão, permitindo que a bike para em pé.

img-Canotes_Medida_Diametro
Todos os canotes com carrinho trazem a medida de seu diâmetro gravada na parte de baixo da peça.
img-Canotes_Medida_Paquimetro
Quando a medida do canote está ilegível, use o paquímetro ou a trena para descobrir o seu diâmetro.

img-Canotes_Medida_Trena

Para saber a medida do canote basta olhar a gravação na parte de baixo da peça, mas se ela estiver ilegível, use um paquímetro nele ou uma régua ou trena sobre o Seat Tube (tubo onde vai o canote no quadro).

img-Canotes_Bike_Dobravel
Com grande variedade no diâmetro, a maioria dos canotes tem entre 30 e 40 cm de comprimento, menos este das bikes dobáveis, com quase 60cm.

Materiais de construção

Os canotes são fabricados em ferro, alumínio, materiais compostos como alumínio e carbono, ou integralmente em carbono. Alguns canotes para bicicletas de competição, fabricados em alumínio, podem ser mais leves que os modelos em carbono, pois a espessura de sua parede é muito fina, e as peças da cabeça (parte que segura o selim), usinadas em CNC. Para oferecer preços competitivos, alguns fabricantes de canotes de carbono elaboram seus modelos com muitas camadas, tornando-os fortes e seguros mas com peso similar aos modelos produzidos em alumínio.

Formatos e funções

Os canotes de carrinho utilizam geralmente 1 parafuso Allen para fixação do selim em seu suporte, e o ajuste de ângulo é obtido movimentando os suportes gradativamente, pois eles possuem ranhuras de encaixe. Algumas vezes, o salto ente uma ranhura e outra não permite posicionar o selim no ângulo desejado, devido a diversos fatores, ângulo do quadro, desenho do selim, etc, e para suprir essa “rara” deficiência, os canotes de micro-ajuste utilizam 2 parafusos de fixação, permitindo ajustar milimetricamente a posição de ângulo de selim.

img-Canotes_Mesinha_1_Parafuso
Na maioria dos canotes com carrinho, o aperto ou regulagem é feito através de 1 parafuso Allen.
img-Canotes_Micro-ajuste
Nos canotes “micro-ajustáveis”, o ajuste do ângulo do selim é feito utilizando 2 parafusos contrapostos.

Alguns canotes podem jogar o selim bem para trás, pois o formato alongado do “pescoço” possibilita este posicionamento, quando o quadro tem o tubo superior curto ou foi verificado no Bike Fit essa necessidade, este tipo de canto pode ser usado.

img-Canotes_Comparativo_Avancos
O recurso do avanço “longo” no carrinho do canote pode ser solicitado pelo profissional do Bike Fit em alguns casos.

A maioria dos canotes tem perfil redondo, mas as bicicletas especiais, como os modelos de pista, Triathlon e até Road Bike, utilizam quadros e canotes aerodinâmicos, com formatos de gota ou asa de avião, vencendo a resistência do ar com mais facilidade, ganhando segundos preciosos com o aumento da velocidade média.

img-Canotes_Aerodinamico
Nas bikes de Triathlon e pista, quadros aerodinâmicos utilizam canotes em formato de gota ou asa de avião, facilitando a passagem do ar, aumentando a velocidade.

img-Canotes_Aero_Perfil

No MTB, canotes hidráulicos permitem que os ciclistas alterem a altura do selim sem descer da bicicleta e sem soltarem o guidão. Através de dispositivo remoto posicionado no guidão

Cuidados

Levantar o selim além do limite permitido é um erro grave e muito comum, pois o peso que o ciclista exerce no quadro, quando pega um buraco ou piso irregular pedalando sentado é muito grande, podendo trincar e até mesmo quebrar o quadro na região da abraçadeira de selim. Outra informação importante gravada nos canotes é o “limite mínimo de inserção”, ou seja, o quanto ele deve estar dentro do quadro para ser seguro.
Respeitando essa medida, o canote fica apoiado pelo tubo superior do quadro (Top Tube), e pelos tubos que descem até a roda traseira (Seat Tube).

img-Canotes_Apoio_Necessario
Os canotes devem ser usados respeitando a inserção mínima indicada na peça.

img-Canotes_Insercao_Minima

É correto passar graxa no canote de selim para facilitar sua movimentação no quadro nos momentos de ajuste de altura ou transporte da bike, a graxa branca comum também impede que água, terra e areia jogadas pela roda traseira da bike, dificultando a movimentação do canote e riscando todo o seu perímetro.

img-Canotes_Graxa
Utilizando graxa branca comum, seu canote não risca, não agarra e ainda impede a entrada de água e terra no quadro.

Os canotes e quadros de carbono são mais sensíveis que os modelos de alumínio, cromo molibdênio, titânio e ferro, necessitam aperto exato, proporcionado pelos torquímetros (ferramenta que limita o aperto de um parafuso a um limite programado em Newton – Nm), valor geralmente anotado no canote ou na abraçadeira de selim, algo entre 5 e 6,5 Nm.

img-Canotes_Torquimetro
Para quadros ou canotes de carbono, é importante utilizar o torquímetro para “limitar” o aperto e não danificar as peças.

Outra diferença é a graxa, o tipo certo para peças de carbono tem a função de criar mais atrito entre as partes, por isso essa pasta é composta por micropartículas que lembram a areia, mantendo peças como os canotes, avanços e guidões bem fixos sem ter que apertar muito seus parafusos. O uso da graxa comum nestas peças, além de não ajudar no aperto, podem penetrar nas camadas da fibra de carbono causando sua delaminação (descolamento das camadas).

Os canotes dão a liberdade de ajustar a altura dos selins, tornando possível que ciclistas de diversas alturas utilizem a mesma bicicleta.

Bom pedal!

Edu Capivara
WRITTEN BY

Edu Capivara

Edu Capivara é Delegado Internacional do Biketrial no Brasil desde 1991 e introdutor do esporte em meados da década de 80. É amigo pessoal de Pedro Pi, o inventor do Biketrial e de toda a cúpula da BIU (Biketrial International Union) . Profundo conhecedor do mundo da bike, começou suas aventuras em modalidades como o BMX e o Mountain Bike no início desses esportes no Brasil. Já participou de campeonatos mundiais de biketrial pelo mundo todo, inclusive do primeiro, em 1986 na Europa.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

2 thoughts on “Conheça os componentes – Parte 2 – Canotes

  1. ·08/03/2022 at 01:09

    Esse Edu é fera , acompanho sempre, tem boas dicas!!! Um excelente profissional.

  2. ·18/10/2020 at 22:30

    Excelente post!!

Pedaleria - Início do Post