Sacar pedivela espanado

Aprenda como sacar uma pedivela espanada, e continue usando a peça por um bom tempo

Hoje, os modelos de pedivelas com eixo integral, (quando o eixo e o braço são unidos), não necessitam da ferramenta extratora na hora da manutenção, pois saem naturalmente soltando os parafusos do braço esquerdo, mas todos os outros tipos (Square, Isis e Hollowtech 1) utilizam esta ferramenta, mas para usa-la, a rosca deve estar perfeita.

img-Saca_Pedivela_Convencional
O extrator da pedivela funciona muitro bem, mas a rosca na peça tem que estar perfeita!

Essa rosca não estraga sozinha, não é submetida ao desgaste natural de um componente, mas o estrago quase sempre acontece por imperícia do “mecânico” que a manuseia sem atenção. As ferramentas são de aço, as pedivelas em alumínio (a grande maioria), e nesse confronto, a pedivela leva a pior, caso a ferramenta entre torta e seja “tocada” desde o início com uma chave fixa ou chave inglesa, tirando do operador a possibilidade de sentir que algo não está certo, danificando irremediavelmente os fios de rosca. Para instalar corretamente o extrator, rosqueis a ferramenta com a mão, deixando as chaves para fazer o aperto final, quando está praticamente no fim do curso da rosca.

img-Sacadores_Convencionais
Os extratores são ferramentas de aço temperado, sua instalação nas pedivelas devem ser feitas na “mão”, usando chaves apenas para finalizar o aperto.

Com essa rosca espanada, fica praticamente impossível sacar a pedivela e fazer a manutenção no movimento central ou nas coroas. Neste caso o pessoal apela pra marreta e a talhadeira, detonando de vez a pedivela, e sempre sobra uma pancada para a parte inferior do quadro e para as coroas.

Mas não se desespere, há outras formas de sacar a pedivela sem detonar a bike ou a peça, que na maioria das vezes está perfeita na rosca do pedal e no encaixe com o eixo, e é literalmente descartada quando retirada na pancada.

img-Marreta_E_Talhadeira
Para muitos ciclista e mecânicos, marreta e talhadeira são o último recurso para sacar a pedivela espanada.

Sacando o lado esquerdo da pedivela

Para resolver esse problema, fomos até uma oficina automotiva atrás de duas ferramentas que ajudam muito neste caso, o extrator de terminal de direção e o saca polias e rolamentos. Estas ferramentas são encontradas em vários tamanhos, e quanto menor, mais adequada aos componentes da bike.

O extrator de terminal de direção é uma ferramenta fixa, parcialmente aberta em sua base, permite o encaixe na parte de trás da pedivela, e apertando seu parafuso (prisioneiro), empurra o eixo central da bike enquanto puxa a pedivela.

img-Extrator_de_Terminal_de_Direcao
O Extrator de Terminal de Direção é uma ferramenta da linha automotiva, mas seu desenho é perfeito para sacar a pedivela esquerda das bicicletas.
img-Extrator_de_Terminal_de_Direcao_2
Existe um modelo pouco menor, mas este funciona bem, porém, tive que melhorar o apoio calçando a pedivela com uma chave grande.

O saca polias e rolamentos é uma ferramenta articulada, é possível configura-la para puxar uma peça segurando por fora ou por dentro, no caso dos rolamentos. Este modelo tem três braços, e é necessário ajusta-los de forma a “agarrarem” firme a parte de trás da pedivela, e como no caso anterior, o prisioneiro empurra o eixo enquanto os braços puxam a peça.

img-Saca_Polias
O saca polias e rolamentos é articulado e deve ser posicionado desta forma, com as garras bem fechadas atrás da pedivela.

img-Saca_Polias_2

Sacando o lado direito da pedivela

O lado das coroas é mais complicado, estas ferramentas alternativas não resolvem, pois não há acesso a parte de trás da pedivela, as coroas ou o “spyder” (braços de fixação das coroas) ocupam o espaço que ferramenta usaria, e neste caso, o extrator convencional e um pedaço de corrente podem resolver.

img-Corrente_Montada
A corrente fará o papel da “rosca intacta” na pedivela, ancorando a ferramenta no conjunto pedivela/coroas.

Para identificar o tamanho certo da corrente, leve seu extrator de pedivela até o local que venda correntes, pois você precisa achar um tamanho de elo que permita que a sua ferramenta passe por dentro, e mesmo assim, você terá que modificar ligeiramente o elo central de um pedaço de corrente (cerca de 20cm), que ficará um pouco mais redondo após ajustes, use a morsa e até mesmo o martelo para fazer isso.

Coloque o extrator de pedivela na posição normal de uso (por cima da rosca espanada), rosqueie a parte central desta ferramenta até ela tocar o eixo da pedivela.  A técnica consiste em passar a corrente pelos menores espaços entre as coroas, o mais próximo do eixo possível, a parte central da corrente fica encaixada na ferramenta, e para fixar as pontas da corrente, use pinos ou parafusos de aço.

img-Parafusos_e_Corrente_por_Tras
Com a pedivela fora do quadro fica mais fácil entender o modo de fixar a corrente nas coroas.

Quando o extrator de pedivela é usado de forma natural, devemos apertar o parafuso central para sacar a peça, mas desta forma, com a rosca espanada, faremos o contrário, tocando o parafuso da ferramenta no sentido anti-horário, no sentido de soltar, onde a corrente ira puxar a peça para fora.

Esse trabalho de montagem da ferramenta com a corrente é muito importante, deve ser feito com atenção e não deve ter folgas. Os pontos de apoio na parte de trás das coroas devem ser bem próximos ao eixo, pois são mais resistentes para apoiar os parafusos ou pinos lisos que atravessam as pontas da corrente.
O movimento de “soltar” fica um pouco duro, pois o parafuso central do extrator irá trabalhar pressionado pela corrente, agarrando um pouco na parte sextavada da ferramenta, mas irá sacar a pedivela após 2 ou 3 voltas.

Desta forma, será possível reinstalar a pedivela após a manutenção, pois ela ainda permitira uso, já que a rosca para sua retirada não interfere no desempenho deste componente, e é sem dúvida um grande alívio para as oficinas, que encontram esse tipo de problema diariamente.

Bom pedal

 

 

 

Edu Capivara
WRITTEN BY

Edu Capivara

Edu Capivara é Delegado Internacional do Biketrial no Brasil desde 1991 e introdutor do esporte em meados da década de 80. É amigo pessoal de Pedro Pi, o inventor do Biketrial e de toda a cúpula da BIU (Biketrial International Union) . Profundo conhecedor do mundo da bike, começou suas aventuras em modalidades como o BMX e o Mountain Bike no início desses esportes no Brasil. Já participou de campeonatos mundiais de biketrial pelo mundo todo, inclusive do primeiro, em 1986 na Europa.

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