A corrente é o principal item de segurança da transmissão da bike, pois sua quebra ou mal funcionamento pode trazer sérias consequências ao ciclista. É bastante improvável acontecer um acidente durante a pedalada pela quebra da coroa ou cassete (catraca), mas a quebra da corrente, que sempre acontece no sprint (arrancada) ou quando se pedala em pé, fazendo força, faz a bike literalmente virar pra frente, como acontece ao brecarmos apenas a roda dianteira com toda força. Nesse tipo de tombo é bastante comum fraturar os braços e sofrer lesões no rosto e cabeça.
Ao longo do uso, a corrente vai se desgastando, esticando e perdendo a propriedade de se encaixar perfeitamente nos dentes das engrenagens, e essa imperfeição de encaixe acaba forçando demais pontos isolados da corrente pelo atrito fora da posição ideal, onde os dentes trabalham harmoniosamente puxando a corrente, distribuindo a força por igual.
As correntes sofrem desgaste natural por atrito entre as partes metálicas, mas isso é agravado (principalmente no MTB) pelas características abrasivas que a modalidade proporciona, como terra, areia, poeira, lama e muita umidade, que pode atacar até a proteção (cromo, níquel ou galvanização) das correntes.
Quando pedalamos em pé em marcha reduzida, transferimos muita força a transmissão, que ao longo do tempo resulta no aumento do comprimento da corrente, facilmente notada na hora da troca, quando alinhamos as duas e podemos notar o quanto ela aumentou. O estiramento atinge as placas dos links (chapas internas e externas), mas o desgaste dos roletes e pinos também contribue para esse aumento de tamanho. O uso prolongado da corrente gasta pode comprometer toda a relação, onde notamos estalos nas trocas de marchas, rangidos nas pedaladas fortes e também a ovalização das cavidades de encaixe da corrente nas coroas e nos cogs (discos individuais da catraca ou cassete), que originalmente são encaixes redondos.
Quanto tempo dura a corrente?
A durabilidade das correntes é relativa e depende de diversos fatores, como clima, piso e inclinação dos locais onde se usa a bicicleta, peso e performance do ciclista, etc, e por isso não podemos afirmar que a corrente para bicicleta de estrada (speed) dura 1.500 km e a do MTB dure 1.000 km, como dizem alguns manuais, para ter certeza de que está na hora de trocar não espere o Natal, não conte as novenas do terço, meses ou quilômetros rodados, use a chave de medir o desgaste de correntes, uma ferramenta barata e extremamente simples e você nem se suja. Existem várias marcas e preços a partir de 35 Reais, onde a mais cara informa o desgaste em percentuais e custa aproximadamente 150 Reais.
O funcionamento básico da chave é baseado no encaixe da mesma na corrente, se a corrente é nova ou está em condições de uso, a chave não se encaixa, mas se encaixar é porque a corrente esticou e está fora do padrão de uso.



Cuidados na manutenção
Para fazer a corrente e relação durarem mais, mantenha o sistema limpo e lubrificado, não adianta ficar colocando óleo na corrente antes da cada treino sem limpar a sujeira que está lá a seis meses, isso só aumenta a possibilidade de grudar ainda mais terra e poeira.
Lave ou limpe a relação observando as dicas dos posts Lavagem Profissional e Banho de Gato na Bike, e lubrifique de acordo com a utilização que costuma fazer, óleo se você faz trilhas com umidade e lama, ou lubrificante a base de teflon para Road, Urbana ou MTB que andam no asfalto.
Tamanho da corrente
O tamanho da corrente está diretamente ligado ao tamanho do quadro e da relação, principalmente agora, com a chegada de grupos e correntes que aceitam trabalhar cruzado, coroa e pinhão grandes ou coroa e pinhão pequenos, onde a corrente, nestes casos (relação de 10, 11 ou 20 marchas), deve ter o tamanho exato para abranger as engrenagens sem forçar as molas do câmbio traseiro. Se a corrente está muito longa, a parte de baixo acaba tocando no seguimento de corrente que passa pela polia de cima do câmbio traseiro (foto), fazendo barulho e desgastando o sistema.


Antes de encurtar sua corrente, verifique se ela está alcançando todas as marchas permitidas, de acordo com o ano e modelo de seus componentes, e verifique se o parafuso tensionador do câmbio, peça que faz o esticamento da corrente, está na posição correta. Esse parafuso atua na gancheira do câmbio, peça do quadro onde ele é fixado.
Assim como os freios, mesa e guidão, eixos das rodas e pedais, as correntes são itens de segurança, representando risco em caso de quebra, portanto fique de olho nesses componentes e faça a substituição nos prazos corretos. Na dúvida, consulte um profissional na sua oficina de manutenção.
Bom pedal!