Conheça os componentes – Parte 6 – Freios

Conheça os componentes – Vídeo #6 – Freios

Os freios são de vital importância nas bicicletas, mesmo nas fixas, que não tem freios como vemos nas outras bicicletas, mas é possível frear endurecendo as pernas, reduzindo a velocidade da pedivela, já que ela utiliza um pinhão fixo, não uma catraca livre.

Os freios assim como os outros componentes, atingiram alto nível tecnológico, mas nem sempre foi assim, no início, eram rudimentares os sistemas para redução da velocidade nas bicicletas, mas com o passar dos tempos elas ficaram mais velozes, e os antigos projetos não davam conta do recado.
Elas já utilizaram grandes alavancas manuais fixadas no quadro, pedais de freio similares a dos antigos automóveis e até dispositivos que pressionavam o pneu da roda dianteira, mas a evolução iniciou nos sistemas que utilizavam cabos de aço e conduítes.
Alguns antigos projetos aparecem ainda hoje nas bicicletas novas, e esses verdadeiros dinossauros até que funcionam, mas só até determinada velocidade ou condição.

img_Pinos_Boss

Os pinos de freio, conhecidos como “Boss”, permitem a montagem de vários tipos de freios, do Cantilever ao Hidráulico.

img_Discos

Os discos de freio ou “rotores”, podem variar de tamanho, do 140mm das Road Bikes, até os grandes diâmetros, como esse de 203mm, ideal para Downhill.

Quem não se lembra dos freios contra-pedal, ou os freios suecos de varetas, que equipam bicicletas de trabalho (Barra Forte e Barra Circular), os freios a tambor nas bicicletas militares e até mesmo nas antigas BMX, os freios Side Pull das infantis e urbanas, e por aí vai.
Relembre os principais modelos e suas características:

Freio Contra Pedal
Esse modelo de freio ainda é muito popular nas Beach Bikes, BMX infantis e até mesmo em bikes urbanas. O freio fica dentro do cubo da roda traseira, quando o ciclista pedala para trás, um castelo de roletes se expande, pressionando partes que revestes a parede interna do cubo, reduzindo a velocidade.

img-Ficha_Contra_Pedal

Esse componente é pesado, mas deixa livre as mãos do ciclista e funciona bem sem ter que aplicar muita força, por isso ainda é colocado em bicicletas infantis.

Freio Sueco
Esse robusto modelo ainda vende muito no interior, não utiliza peças complexas e é de baixa manutenção, ideal para quem usa a bicicleta como meio de transporte principalmente em estradas de terra. Varetas maciças de aço vão do guidão até os freios, que atuam na parte interna do aro, não na lateral como é comum na maioria dos modelos simples. Ele é a prova de intempéries, água, lama e poeira não atrapalham o funcionamento, mas são bem pesados e limitam o giro total do guidão.

img-Ficha_Sueco

Freio Side Pull
Este é provavelmente o modelo mais utilizado entre todas as bicicletas fabricas no mundo, simples e relativamente eficiente, o Side Pull é encontrado em diversos tamanhos, em ferro e alumínio. Neste freio, o cabo é puxado pelo lado da peça, justificando o nome. Nos modelos mais simples sua eficiência é questionável, pois é necessário aplicar muita força nas manetes para que as sapatas pressionem efetivamente os aros da bicicleta. Seus arcos sobrepostos são sujeitos a folgas, e quando se movimentam, existe o risco das sapatas de freio atingirem o pneu. Muitas vezes seu funcionamento é assimétrico (apenas de um lado), mas modelos mais sofisticados de Side Pull como os de Road Bike e de BMX série MX, são mais eficientes.

img-Ficha_Side_Pull

Freio Center Pull
O Center Pull é a evolução do Side Pull, ele não utiliza apenas um pivô, utiliza dois, que são independentes do eixo de fixação do freio na bike. Neste modelo, o cabo é puxado pelo centro, melhorando muito o movimento individual de cada lado do freio, e é mais fácil ajusta-lo para que as duas sapatas toquem o aro ao mesmo tempo. Na parte de trás, um arco serve de base para a montagem dos dois pivôs com molas individuais.

img-Ficha_Center_Pull

O Center Pull é encontrado em modelos pequenos e grandes, em ferro e alumínio.

Freio Cantilever
Criado no final de década de 80, o Cantilever veio para atender a nova necessidade do mercado, as Mountain Bikes. Com lama, água e poeira, outros sistemas de freio mostravam-se fracos, era preciso criar um freio que gerasse mais alavanca, para que o ciclista pudesse acioná-lo com 1 ou 2 dedos.
Esse tipo de freio é montado em pinos posicionados nos quadros, garfos ou suspensões, sendo utilizado também atualmente  para V-brakes.

img-Ficha_Cantilever

Diversos modelos de Cantilever foram lançados, modelos curtos e longos, com arcos metálicos ou pequeno cabo central com o suporte para o cabo principal, modelos com “alma” de aço e acabamento em plástico, modelos em alumínio e até titânio. Para conseguir essa força extra, alguns modelos eram tão abertos que era comum encostar a perna ou até mesmo o calcanhar neles.
Os freios Cantilever foram praticamente extintos das MTB, mas ainda equipam as Ciclocross, vertente das Road Bikes para competições na terra, enfrentando água, lama e neve.

Freio U-Brake
Esse tipo de freio foi criado na mesma época do Cantilever, para equipar alguns modelos de MTB, ele é montado em pinos soldados aos quadros e garfos, conhecidos como pinos “Boss”. Atualmente esse freio equipa a maior parte das BMX, mas também é encontrado em algumas Road Bikes e modelos de Trialthlon, porém com ligeira modificação, os “pinos” fazem parte do arco que fica atrás do freio, uma configuração bem parecida com o Center Pull.

img-Ficha_U-brake

Freio V-brake
Até o momento a solução definitiva para diversos tipos de bicicleta de “entrada” (menor custo). Os V-brake vieram em substituição aos Cantilever, já que as MTB evoluíram e são mais leves e velozes, necessitando freios mais poderosos. Ainda é possível encontrar V-brakes sofisticados, modelos que são mais leves e freiam tão bem quanto os freios a disco, já que o “disco” é o próprio aro.

img-Ficha_V-brakejpg

O V-brake tem praticamente o dobro da altura de um Cantilever, gerando muito mais força de compressão, e as manetes também são diferentes, se colocar uma manetes de Cantilever no V-brake, as sapatas de freio encostam no aro sem força, deslizando sem brecar.
Outra diferença ao comparar os dois freios é a largura total, o V-brake é muito mais estreito e fica praticamente da largura do quadro de uma MTB, e dificilmente esbarra nas pernas do ciclista.

Freio Hidráulico
Lançados na década de 90, os freios hidráulicos com atuação nos aros atenderam por alguma tempo as bikes de Downhill. Com sistema “fechado” (sem reservatório de óleo), esse poderoso freio leva até as sapatas 80% da força aplicada nas manetes, e pode ser acionado por apenas um dedo. No Biketrial, eles são equipados com sapatas de poliuretano e os aros são raspados para ficarem mais ásperos, formando um conjunto imbatível até hoje. Nesta condição, eles são mais eficientes que os freio a disco, e freiam muito mesmo dentro d’água.
Eles podem ser montados em pinos Boss ou em suportes especiais, conhecidos com four bolt.

img-Ficha_Magura

Freio a Disco
Os freios a disco já fazem parte da história das bicicletas, a última modalidade a receber este componente foram as Road Bikes. Mais do que moda, eles são realmente eficientes, mas a principal característica é a velocidade de recuperação após ser molhado – os freios a disco voltam a freiar bem mais rapidamente que os outros sistemas, como os V-brake por exemplo.

Antes pesados e até mesmo ineficientes a longo prazo, os freios a disco evoluíram muito, e nunca se viu tantas empresas fabricando um componente complexo como este, são centenas de modelos a disposição, os mecânicos (a cabo) e hidráulicos (a óleo), eles podem variar em cor, material, tamanho do freio, tamanho do disco (rotor), tipo de óleo, sistema de montagem no quadro e garfo/suspensão, quantidade de pistões dentro da piça (cáliper), e claro, o preço.

img-Ficha_Disco_Mecanico

img-Ficha_Disco_Hidraulico

Os modelos mecânicos são mais simples, pesados e baratos que os hidráulicos, podem ser usados com as manetes do V-brake e muitos ciclistas fazem esse upgrade, abandonando os V-brake.
Os freios a disco pode ser em ferro ou alumínio, e os rotores podem ter de 140 a 203mm de diâmetro. Dentro da pinça um dispositivo tipo rosca sem fim (freio mecânicos) ou de 2 a 4 pistões para os modelos hidráulicos (a óleo), empurram as pastilhas de freio contra os discos.
Os freios a disco hidráulicos podem utilizar óleo Mineral ou DOT (o mesmo usado nos nos freios de carros ou motos), e não se pode misturar ou trocar o tipo de óleo, sob pena de destruir o sistema de vedação, pois o óleo DOT é corrosivo.
Os suportes de freio nos quadros e suspensões das bicicletas estão disponíveis em dois modelos, o IS – International Standard e o DM – Dirct Mount, com fixação da pinça de modo frontal ou lateral. Existem também uma série de suportes adaptadores entre estes foi sistemas.

Melhorias
As melhorias nos sistemas de freios aconteceram ao longo dos tempos, nos mais simples, a colocação do Quick Release, dispositivo que abre o freio, facilitando a retirada da roda, pois em alguns modelos é necessário murchar o pneu ou retirar a sapata de freio para poder tirar a roda.

img_Quick-Release

Os freios Side Pull foram os primeiros a receberem o Quick-Release, dispositivo que afrouxa o cabo permitindo a retirada da roda sem ter que murchar o pneu ou retirar a sapata de freio.

img-Novo_U-brake

Os novos U-brake para Road Bike e Trialthlon, precisos e com ajuste de pressão das molas.
Os pivôs no arco traseiro dispensam pinos no quadro.

A cada ano, a cada feira de bicicletas, surgem novos freios ou a melhora das tecnologias, tornando esse componente mais leve e eficiente.

Bom Pedal!

Agradecimentos: Joytech, Anderson Bicicletas, Ciclo Vila Isa e Total Bike.

<a href="https://pedaleria.com/autor/educapivara/" target="_self">Edu Capivara</a>

Edu Capivara

Edu Capivara é Delegado Internacional do Biketrial no Brasil desde 1991 e introdutor do esporte em meados da década de 80. É amigo pessoal de Pedro Pi, o inventor do Biketrial e de toda a cúpula da BIU (Biketrial International Union) . Profundo conhecedor do mundo da bike, começou suas aventuras em modalidades como o BMX e o Mountain Bike no início desses esportes no Brasil. Já participou de campeonatos mundiais de biketrial pelo mundo todo, inclusive do primeiro, em 1986 na Europa.

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Comentários

1 Comentário

  1. Aqui no Sul, chamam muito o cantilever de Borboleta. Pois existe semelhança com o inseto.

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