Só quem teve sabe o tipo de paixão que elas despertaram. Estamos falando do ano de 1983, o lançamento da Caloi Extra Light, um marco na história do bicicross no Brasil. O bicicross ou BMX – sigla que significa Bicycle Motocross, onde o “X” substitui o Cross, que trocando em miúdos, representa o cruzamento entre uma bicicleta e uma motocross, é um esporte praticado com bicicletas especiais para pistas de terra com rampas e curvas de parede, gerando saltos e pegas espetaculares.
O esporte chegou por aqui no início da década de 80 com modelos simples, peças e quadros de aço carbono. Nas pistas elas não eram páreo para as importadas como Schwinn, Redline, Haro e GT, pois com freios, cubos, pedivela, canote e guidão de aço, não faziam frente às rivais que usavam componentes de alumínio em quadros de Cromo Molibdênio.
Azul e vermelho
Quando foram lançadas aqui, encantavam consumidores de todas as idades, pois somente quem praticava o bicicross naquela época conhecia peças coloridas que equipavam as “gringas”, mas para todo o resto era pura novidade e sofisticação. Até os acostumados com as peças de alumínio natural (prata) vistas em algumas bicicletas de estrada da época, ficavam admirados com esses conjuntos de peças anodizadas (banho químico para colorir o alumínio) em azul e vermelho, fazendo contraste com o quadro branco com detalhes pintados em harmonia com a cor das peças.
Alguns anos depois era possível encontrar o modelo preto com peças anodizadas em dourado, quase amarelo.
Bom conjunto
Apesar do quadro em aço carbono, a bike era bem leve, justificando o nome do modelo. Todas as peças são de alumínio, ou tem a maior parte fabricada com esse metal. O emblemático pedivela Sugino GT 3 peças, que utiliza caixa 50mm com eixo de cromo molibdênio, o par de aros e o guidão de alumínio são o foco das atenções pra quem a olha pela primeira vez, e dá vontade de pegar e sair pedalando.
O modelo nas fotos é mais novo, conhecido como “Seta” por conta do desenho no reforço do quadro entre os tubos superior e inferior, na frente da bike. Este modelo é de 1984 e vinha com pintura perolizada.
O modelo de 1983 ficou conhecido como bolinha, fazendo alusão ao furo redondo no reforço.
Existe um mercado para as Extra Light, peças e bicicletas restauradas. É possível encontrar modelos restaurados à partir de R$ 1.500,00 e os valores podem alcançar facilmente os R$ 3.000,00. As negociações, carregadas de motivos sentimentais, levam os donos a pedirem valores elevados para disponibilizar seus modelos guardados, em alguns casos, por décadas, e despertar verdadeiras paixões e até certa insanidade por parte dos compradores. rsrsrs
Minhas aventuras
Saindo de uma BMX simples de aço carbono, Caloi, Monark ou outra marca, e pegando uma Extra Light, a gente enlouquecia, todo dia era Natal, e a gente se sentia meio gringo. A minha era azul e branca, e em pouco tempo já estava customizada. Coloquei nela rodas de nylon, as americanas Sky Way, que anos depois foram fabricadas por aqui para o modelo Extra Nylon. Utilizando uma rampa com dois metros de comprimento e um de altura, pulava o carro do meu pai e as rodas aguentavam bem!
Naquela época, não havia distinção entre BMX, Freestyle, Flatland e Vertical, fazíamos tudo com a mesma bike, e nos finais de semana saia cedo de casa, pedalava 25 km até uma pista de Skate, andava o dia todo e voltava somente à noite, vivendo intensamente o BMX, que fez e ainda faz a alegria de muitos marmanjos até hoje. Quem teve uma Light concorda!
Confira abaixo a lista das peças originais da Extra Light 1983, uma viagem no túnel do tempo.
Agradecimentos especiais da Pedaleria ao colecionador Alex Machado, de São Paulo.
Muito boa reportagem, customizar era a ostentação da época, pedalavamos o dia todo kilometros para ir andar em alguma pista, half, barrancos. Sou do ABC de Sampa, iamos na pista de São Bernardo do Campo (Bernô) na madrugada por que de dia os skatistas não deixavam e a noite era o horário da bike. Iamos em bando para não sermos roubados. Tive a AeroFree light, que vinha com calota para esconder a roda de ferro, os resto era tudo de aluminio, anos depois tive acredito que foi a última daquela época 1990, que chamava Caloi Cross PRO LIGHT, quadro roxo peças vermelhas, e a outra era amarelo limão com peças azuis.
A Extra Light é eterna!!!
A “bike dos sonhos” de todos os tempos!
A que ilustra a matéria é B E L Í S S I M A (ficaram lindos os niples vermelhos que não vinham originalmente na azul e branca) ! ! !
Como não pude ter uma na época, hoje (dez/2020) estou montando uma baseada nela: consegui um quadro Diamond Back e a primeira coisa que adquiri foi um pedivela Sugino no estilo retrô (alumínio polido). Pena que ele não vem com a coroa anodizada!
Não consigo entender porque a Caloi não vende ela hoje com as mesmas peças (ainda existem os aros Araya, os freios Dia-Compe, o pedivela Sugino). Seria o primeiríssimo da lista a adquirir uma belezura dessas!