Dia do idoso – 1 de outubro
Acompanhamos a manhã de uma pessoa muito especial, uma ida a feira de produtos orgânicos, enfrentando um pouco de trânsito intenso e também paisagens nunca antes notadas. Constatamos a figura de uma pessoa ativa, saudável, feliz e ao mesmo tempo moderna e seguidora de conceitos que em seu país de origem fazem parte da sociedade a muitos anos.
Marieke Joris, de 63 anos, nasceu na Bélgica e veio ao Brasil com o marido nos anos 70, passou por várias dificuldades como quase todos os jovens casais, diferenças na língua, na comunicação, na cultura e também na forma de se locomover. O Brasil da época era outro e mesmo assim seguiu suas tradições do país natal e sempre adotou a bicicleta como meio de transporte.
Conheço a Marieke a uns 10 anos e na última semana a convidei para um bate papo a bordo de nossas bikes, e o destino foi uma feira de produtos orgânicos na zona sul de São Paulo. O trajeto é muito conhecido por nós dois e principalmente por ela, que vai ao mesmo local todas as semanas a tantos anos fazer suas compras.
Natureba e consciente
A Marieke é uma daquelas senhoras que prefere receitas naturais, faz pães e sucos incríveis, sempre com receitas diferentes e deliciosas e que faz feira toda semana, selecionando os ingredientes meticulosamente e acondicionando tudo em sua bike, que independente da marca, características ou estética, cumpre sua função, levando sua condutora pra cima e pra baixo pelo bairro.
A consciência que ela tem referente a sua participação no trânsito tem tudo a ver com a vida que se leva na Bélgica, onde a bicicleta é um veículo utilizado pela maioria dos habitantes das cidades. Ela tem plena convicção de que colabora com um ar mais limpo e um trânsito menos complicado em São Paulo.
Ida e volta
Fizemos um trajeto de pouco mais de 5 quilômetros ida e volta, bem curto é verdade, mas que deu para explorar algumas ruas e avenidas de forma diferente de quando estamos dirigindo um carro. A disposição da Marieke é empolgante e esbanja vigor que muito marmanjo preguiçoso por aí morreria de inveja. Estou falando de uma mulher de 63 anos que usa a bike para ir não só a feira, mas ao supermercado, à natação e a outros tantos lugares como se fosse uma garota de 15 anos. E o maior incentivo? Além do trânsito caótico, tem o sangue Belga, a experiência que ela trouxe de sua terra natal e que pode ser passado de geração a geração, para todas as pessoas. Parece que é o que precisamos por aqui.
Pedalamos em um ritmo tranquilo, em certo ponto um pouco estressante por causa do trânsito, mas sempre com muita calma e guindo por ruas vicinais a maior parte do tempo. Eu e a Marieke chegamos em poucos minutos ao nosso destino sem problemas. Todos os motoristas respeitaram muito nossas manobras, sinalizações e por incrível que pareça foram muito gentis.
O destino
A idade não atrapalha em nada a rotina da Marieke, e percebi que devemos incentivar bastante o pessoal da chamada “terceira idade” ou que estão acima dos 60 a pedalarem por aí. Notei que o exercício frequente deixa a Marieke muito mais disposta para o dia a dia, com fôlego e disposição para todas as tarefas. Vamos incentivá-los e indicar a bicicleta certa para essas atividades?
Bom, voltando ao assunto, chegando na feira fiquei surpreso com a receptividade dos feirantes, todos muito amigos da Marieke, todos a conheciam e ela foi logo selecionando verduras e frutas no maior pique, ela não para pra nada. Conversa com um, com outro, compra uma coisa aqui e outra alí e no final estava com duas sacolas cheias, e pesadas, que acondicionou na cadeirinha que usa para levar a netinha para passear. Prendeu tudo direitinho, colocou o capacete e o óculos de sol e partiu pro retorno.
Conclusão
Quanto mais conheço as pessoas com mais idade e experiência de vida que pedalam e levam uma vida saudável, mais me pergunto porque não vemos mais idosos pedalando por aí. Acredito que tem uma mistura de medo, receio, e até um pouco de vergonha por parte deles de ainda achar que bicicleta é coisa de criança (não estou generalizando). Mas isso está mudando, e exemplos como os da Marieke podem ser o gatilho para que outros idosos sigam os mesmos passos dessa grande amiga, comprando bicicletas, aprendendo a pedalar e se exercitando por aí.
Como neste post da nutriconista Lara Natacci, que dá dicas sobre alimentação para a terceira idade que usa a bicicleta, o exercício feito com a bicicleta em simples tarefas como ir a feira somado a educação alimentar faz com que os idosos recuperem seu vigor muscular e cardíaco e aproveitem a vida com mais saúde.
Os filhos e netos agradecem. Terão avós saudáveis, participativos e até aventureiros para compartilhar tanta experiência de vida.
A gente se vê!
Um abraço